Filipe Abranches publicou quatro histórias na revista LX Comics. Se formos confrontados com esses quatro trabalhos mas sem essa informação, ficaríamos surpreendidos terem sido criadas pela mesma mão. Na verdade, o único elemento em comum é de facto o nome do autor. Essa capacidade "camaleónica" (um frase empregue repetidas vezes) seria e é a característica maior que pauta os trabalhos de Filipe Abranches, que se apresentam desde as histórias mais curtas a livros maiores, ora portentosos como a História de Lisboa (com o recentemente falecido historiador Oliveira Marques) ora de uma estranha e fantasmagórica intimidade, como a adaptação de uma novela de Raul Brandão, O Diário de K.
Paulatinamente, o seu estilo geral - ao mesmo tempo que atravessa toda a espécie de experiências gráficas, de figuração, de cor, de fôlego, de ambiente - desenvolveu-se numa direcção cada vez mais livre, impressionista, até mesmo desagregada, o que revela uma procura por um maior balanço pela veia autoral, em detrimento de uma aproximação ao grande público, habituado à banda desenhada como "meio escapista" ou "entretenimento". Filipe Abranches, com a sua obra, tem contribuido para que a banda desenhada portuguesa seja mais madura, forte em termos estéticos, e capaz de dialogar com quaisquer outras áreas de criação (haja vontade) ou produções internacionais.
3 comentários:
o Filipe sim, grande ilustrador.
não percebo o que faz aí o luis henriques, o gajo publicou dois livrecos...
A selecção pretende-se equilibrada segundo o cruzamento de vários parâmetros. A quantidade de livros publicados não é um deles. O Luís henriques publicou "apenas" dois livros, sem dúvida, mas a qualidade de ambos ultrapassa em vários aspectos uma estante de outros que preferem apostar numa linguagem mais conformada.
Não concorda?
Pedro Moura
não.
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